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Comportamento do cão Daycare DogSolution Renato Zanetti

Genética e ambiente podem deixar cão a ‘cara’ do dono, diz especialista em comportamento

Isabella
Dono agitado, cão agitado. Dono sossegado, cão sossegado. O comportamento do tutor pode refletir nos pets. E há explicação para isso: genética, ambiente e aprendizado. Segundo Renato Zanetti, zootecnista e especialista em comportamento animal, esses três fatores determinam o temperamento do cachorro e fazem com ele fique a parecido do dono. “Um ambiente calmo e que reforce esta característica do cão promoverá um comportamento calmo. Em um ambiente caótico, no qual o caos seja recompensado, não há como esperar algo diferente dos cães. Como comparação, vamos imaginar o que acontece entre pessoas: em uma família com muitos gritos, sem controle e na qual ganha mais quem chora mais, são enormes as chances de termos crianças agitadas e manhosas. O oposto também é verdadeiro”, afirma. As semelhanças entre os animais e seus donos incluem reações, manias e expressões. “Quando afirmamos que ‘o cão é a cara do dono’ estamos nos referindo exclusivamente a questões comportamentais. Não há nenhuma evidência de que a semelhança seja física.” “Se, de uma ninhada, você escolher um cão esperto, destemido e brincalhão, consequentemente ele tem uma genética muito ativa. Se a sua família é animada, que sempre brinca e mantém interatividade constante com o pet, ele também terá o fator ambiente, que faz com que ele continue elétrico. Logo, o cachorro aprende que sempre que fizer uma ‘baguncinha’ ele terá interações e bons momentos com os membros da família”, explica. No entanto, Zanetti ressalta que esse mesmo cão geneticamente ativo pode ter outro tipo de comportamento, de acordo com ambiente e perfil do dono. “Imagine que este mesmo cão vá morar numa casa com um casal de idosos, com baixa interação física e pouca interatividade. Toda vez que o cão fica quietinho no colo e no sofá, enquanto o casal assiste à TV, por exemplo, ele recebe carinho e outros estímulos. O ambiente é o mais pacato possível, e o cão aprende que sempre há uma recompensa quando está calmo. Ele é o mesmo cão geneticamente ativo, mas em ambientes e aprendizagens diferentes”, diz. Foto: Ines Opifanti Direitos reservados: É permitida a reprodução, encaminhamento e uso não comercial na íntegra deste artigo, desde que citado o autor. Fonte: Renato Zanetti | www.renatozanetti.com.br
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7 dicas para deixar sua casa mais divertida para os cães

Isabella
Os parentes mais próximos dos cães são os lobos cinzas. Isso quer dizer que eles têm necessidades semelhantes. Não é pelo fato do cão estar dentro de casa, que ele deve passar o dia dormindo ou comendo. Veja como deixar sua casa mais divertida para seu cachorro. O conceito de enriquecimento ambiental surgiu para alegrar a vida dos animais de zoológico e dos ratos de laboratório. Com muita energia e pouco costume de ficar em local fechado, sem ter o que fazer, esses animais começaram a apresentar problemas de comportamento, como estresse, destruição, agressividade, movimentos estereotipados (pacing) e até depressão. Muitas vezes, esses desvios de comportamento desencadeavam doenças. Assim, pesquisadores começaram a levar itens da vida natural de cada espécie, para dentro do recinto do animal, afim de tornar este ambiente o mais próximo ao natural. Todas as espécies, passam grande parte do seu dia forrageando (procurando/caçando comida). Com isso, eles todos seus sentidos são estimulados (olfato, audição, tato, paladar e visão) e há o desenvolvimento cognitivo, através dos desafios de cada dia Bill/Creative Commons Para provar a importância do enriquecimento ambiental, basta ver a alegria de um urso ao receber um enorme picolé, recheado de peixe e frutas. O orangotango voltou a apresentar comportamentos naturais da espécie, quando seu recinto ganhou cordas (imitando cipós) e plataformas elevadas. A onça subia com agilidade a árvore, para pegar o pedaço de carne que estava lá no alto. Smithsonian’s National Zoo/Creative Commons Para nós, sedentários, a alegria é sentar na frente do sofá, com comida a mão e um bom seriado. Ao pensar assim, extrapolamos esse desejo de preguiça ao cão. Mas será que o sonho dele é dormir o dia todo e ter uma vasilha cheia de ração para comer durante o dia? O zootecnista, especialista em comportamento animal, Renato Zanetti, provou que cães saudáveis e felizes são aqueles que têm desafios todos os dias. “Oferecer brinquedos e estímulos aos cães, aumenta a chance dele desenvolver comportamentos naturais da espécie, os quais são fundamentais para a saúde mental e bem estar.” reforça. Sabe aqueles probleminhas comuns em todos os lares com cães? Destruição, latidos excessivos, obesidade, agressividade, medo em excesso, falta de apetite e compulsões podem ser atenuados e até solucionados com mudanças simples na rotina. “Se o cão destrói o sofá ou rouba uma comida da pia, ele está buscando coisas para tornar o dia dele mais legal, para se livrar do tédio. São comportamentos naturais do cão, mas com coisas que não são para ele” ensina Zanetti. Confira as dicas de como melhorar o dia a dia do seu peludo Evite dar comida no pote Procure brinquedos que liberem a ração aos poucos. Isso fará com que o cão passe mais tempo comendo, se divirta e tenha estímulo mental. Ele utilizará o faro e solução de desafios, como seria necessário em um habitat natural. Mais tempo brincando, é menos tempo lambendo a pata, latindo ou roendo seu sofá. Estimule o olfato do cão Ficar em casa é extremamente entediante para um cão. São sempre os mesmos cheiros, a mesma rotina… É importante sair para passear para que ele veja outros cães, aprender a lidar com situações diversas e sentir diversos cheiros na rua, postes e matinhos. Fazer uma horta em casa, ajuda a estimular o olfato do cão. Use hortelã, erva doce, manjericão e salsão. Além de um ótimo aroma, seu cão poderá dar umas mordidinhas, se quiser. Brinque de caça ao tesouro Ao invés de dar o petisco na boca do cão, esconda dentro de uma caixa de papelão, ou esconda pela casa (atrás do sofá, embaixo da mesa, etc). Além dele utilizar o olfato para procurar, vai precisar empurrar objetos para alcançar o que deseja. Com isso, ficará menos tempo executando aqueles comportamentos indesejáveis. Outra opção, são os quebra-cabeças (tabuleiros) para cães, com diferentes níveis de dificuldade. Amarre o brinquedo em local mais alto Quando compramos um brinquedo novo, chegamos em casa e já entregamos ao cão. Ele leva uns 3 a 5 minutos para destruí-lo. Ficamos frustrados, como se o cão não tivesse gostado do brinquedo. Na verdade, ele gostou tanto, que brincou até acabar a diversão. Para aumentar o tempo de brincadeira, amarre o brinquedo em algum local mais alto, como uma corda presa no teto. Ele gastará mais tempo para pegar o brinquedo, e então destruí-lo. Aumente os estímulos sensoriais Como os cães tem os coxins (almofadinhas) grossos na pata, não nos preocupamos com o tipo de piso. Apesar das patas dos cães não terem a mesma sensibilidade que nossos pés e mãos, é importante lembrar que eles também precisam de diferentes sensações e estímulos. Além daquele tapete da sala, é importante que o cão tenha outros tipos de chão para pisar. Grama, asfalto, rampas, escadas, pedrinhas, água e até grades são formas de aumentar as possibilidades de desafios diários, para que o cão fique mais tranquilo e saiba lidar com qualquer situação. Ofereça alimentos com diferentes consistências Além da ração, você pode oferecer alimentos naturais para seu cão (N-A-T-U-R-A-I-S-!), como cenoura, maçã, pepino japonês, coco verde, abobrinha, beterraba, melancia e melão. São texturas diferentes, para que aprenda a mastigar qualquer tipo de alimento. Você pode até oferecer sorvete para eles. Evite dar comida humanas, como pão, pizza, etc. Se preferir, faça um biscoito natural para ele. Permita que seu cão brinque com outros cães Uma das melhores e maiores diversões é a brincadeira com animais da mesma espécie. Além de se divertirem, os cães aprendem a se comunicar com seus amigos cães, através de linguagem própria da espécie. Por isso, busque parques e praças cercados, para soltar seu cão. Outra possibilidade, são os daycares ou creches para cães. Pesquise locais que busquem desenvolver todos os sentidos dos cães, não apenas a socialização. Muitas pessoas acreditam que dar desafios para os cães é judiar deles. O médico veterinário Dalton Ishikawa, idealizador da Pet Games, é veemente ao afirmar que os desafios fazem parte do dia a dia de qualquer animal. “Muitas vezes a indicação desse tipo de brinquedo é feito por profissionais. O leigo acredita que utilizar esses brinquedos é judiar do animal. É preciso dar possibilidades para os cães forragearem e brincarem” esclarece Dr. Dalton. Ao oferecer brinquedos e desafios que estimulem o comportamento de forrageamento (busca pelo alimento), você minimiza possíveis problemas de saúde e também os comportamentais. Pode não ser a solução de todos os problemas, mas é uma ótima ferramenta para ajudar a melhorar a rotina do cão. “Ao mesmo tempo que nós vemos muitos tutores humanizando os cães, também observamos a busca de brinquedos que agreguem diversão e desafio
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Por um mundo com menos obedientes-objetos-comandados e mais cães-amigos

Isabella
Durante anos, a palmatória foi instrumento persuasivo utilizado por inúmeros educadores, escolas e sistemas de ensino. Artefato de madeira, geralmente formado por um círculo com uma haste, tinha como objetivo castigar Dog alunos indisciplinados e acelerar o aprendizado. O uso de tal ferramenta foi abolido tanto no Brasil, quanto em boa parte do mundo. Mais além, utilizar qualquer punição física no âmbito escolar passou a ser considerado crime. Na seara doméstica, processo semelhante tem sido observado. No Brasil, desde 2014 vigora Lei que proíbe pais de aplicar castigo físico ou tratamento cruel ou degradante para educar filhos. Conhecida informalmente como Lei da Palmada, ela determina que pais que agredirem filhos devem receber orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de advertência. Ou seja, devem buscar outro modo de educar seus filhos. Longe de contestar o mérito da Lei, está havendo uma mudança na forma como as pessoas se relacionam, aprendem e educam. Via Lei, via bom senso, pouco importa. O fato é que não é mais tolerável agredir (física ou moralmente) para educar, pois formas positivas e construtivas foram identificadas e são aplicadas com sucesso. Migrando para o mundo animal, movimento semelhante tem sido observado. Métodos aversivos de relacionamento e punições positivas, gradualmente, têm sido substituídos por formas agradáveis de educação. O uso de choque, tranco, grito e formas variadas de intimidação com objetivo de se obter uma resposta comportamental têm se tornado tão bizarros quanto à palmatória do século passado. Falando de cães, não faz sentido se valer de métodos que se opõem a um relacionamento baseado na confiança, se o desejo é educar, ensinar, envolver, conquistar e cuidar do nosso animal-melhor-amigo. A respeito da relação histórica que desenvolvemos com os cães, que tal observarmos atitudes rotineiras, mas com um viés mais amigável? Podemos começar questionando 3 expressões de uso comum, mas com sentido totalmente oposto ao desejado pelas pessoas: 1. Dono 2. Comando 3. Obediência Dono – Quando alguém se refere ao vínculo entre pessoas e cães, diz-se que somos os donos dos cães, não se dando conta que objetos, coisas e ferramentas é que estão sujeitos a donos. Parece pouco, mas tratar a relação desta forma imprime um sentimento de autoridade sobre o próximo. Somos donos dos nossos amigos? Comando – Ao pedido para o cão fazer algo (sentar-se, por exemplo), dá-se o nome de comando. Será que o cão espera de nós comandos? Pior é que, na maioria das vezes, este ‘comando’ é envolto por um tom duro e autoritário visando acato imediato. Não seria mais afável uma solicitação, um pedido para fazer algo que gerasse satisfação ao cão? Obediência – Do cão, espera-se obediência, correto? O Dicionário Michaelis define obediência como ‘submissão à autoridade legítima’. Antes de se fomentar uma relação de autoridade e submissão (neste contexto, nada relacionado à errônea ideia de submissão como oposto à dominância), deve-se estabelecer os critérios desejáveis para uma convivência agradável e duradoura. Não é isso o que fazemos com amigos! Em caso de sucesso, sequer é necessário esperar obediência. Colhe-se, apenas, o resultado de um bom convívio sob o mesmo ambiente. Grandes alterações em padrões de comportamento vêm de pequenas mudanças. Rever os princípios de como pessoas se relacionam com cães pode resultar numa forma mais harmoniosa de convívio, excluindo-se a relação de posse, força e imposição de vontades. Ao invés de obedientes-objetos-comandados, teremos a companhia de cães-amigos. Direitos reservados: É permitida a reprodução, encaminhamento e uso não comercial na íntegra deste artigo, desde que citado o autor. Fonte: Renato Zanetti | www.renatozanetti.com.br